Amar ocupa muito tempo, uma vida toda. São vidas e vidas de cada um, dedicadas ao amor à sua maneira genuína de cada ser humano. O amor é uma necessidade da vida. Tem como bases a compreensão, o apoio generoso aos outros e vai crescendo à medida que nos vamos tornando mais sábios. Também, um ser ocupado tem dias em que “está cheio até cá cima” e um espaço com ambiente acolhedor faz toda a diferença, com a confiança de alguém para nos escutar. Ganhamos paz interior e renovamos todo o nosso pensar a vida. Muitas vezes passamos despercebidos, mas quando não há atenção, não há vida bem vivida nem bem lembrada. E quem não arrisca a ocupar-se não petisca. É melhor ter muito com que se ocupar do que nada para fazer, dá-lhe mais sentido de vida e felicidade. Desligamos a apatia e vivenciamos o entusiasmo com ocupação controlada e ativa. A atividade é excelente para o ser humano porque vivemos mais, isto e, a longevidade é maior.
Devemos aproveitar todo o tempo para construir tudo aquilo que torne melhor o mundo e torne melhor a nossa presença no mundo. Cada instante é irreversível e o bom uso que dele fazemos traz-nos satisfação, a nós e a todos os que se manifestam connosco. A grandeza de cada momento é inquestionável, também subjetiva, perante cada um. Posso não saber o que fazer numa tarde de chuva, deveras importante? Sim. Saber o que fazer a cada momento mesmo numa tarde de chuva é vital para a nossa boa exigência de vida de qualidade. Faça uma lista de tarefas diárias, quinzenais, mensais, até anuais porque ter uma lista de tarefas a cumprir torna-nos mais ativos da nossa própria existência. Se não soubermos o que fazer, não saberemos aproveitar bem o poderoso tempo de que dispomos na vida. Tantas pessoas a ansiar por tempo de vida e nós a desperdiça-lo tantas vezes por preguiça, indecisão ou outros fatores do momento.
Somos responsáveis pelo que cativamos. Tudo o que cativamos de alguma forma, seja estudos, formações, cursos, trabalhos, voluntariado, artes, tecnologias, ciências, instituições, marcas, conferências, workshops, família, amizades, desporto, relações, lazeres – profissionais, sociais, culturais e outros devem lembrar-nos a autoexigência de sermos a cada momento o melhor de nós próprios. O gosto pelo bom uso do tempo torna a vida mais útil e feliz. Cada instante é um aglomerado de pedaços de nós que adquirimos ao longo do tempo, pelo que devemos brotar rebentos e flores dessas mesmas aprendizagens e vivências, mesmo que diminutas, mas que nos engrandecem mais fortes e saudáveis como seres humanos socializadores e feitos para o movimento.
Estar ocupado e bem ocupado é uma solução que depende das prioridades de cada um de nós. Façamos bom uso das nossas prioridades de ocupados e sejamos imensamente felizes com elas. Se achamos que temos tudo e não nos falta nada, acabamos no tédio de nada ter para fazer. O melhor é começar a conhecer os seus interesses para se poder dedicar a algo que o faça feliz. Já ouviu falar da pirâmide de Maslow? Abraham Maslow foi um interessante psicólogo americano que criou a pirâmide das necessidades com o seu nome. Esta consiste numa hierarquia que começa por baixo com as necessidades fisiológicas, depois as necessidades de segurança, a seguir as necessidades sociais, após estas as necessidades de estima e, no topo, as necessidades de realização pessoal. Esta é a ordem pela qual devem ser satisfeitas para o indivíduo realizar o seu potencial, de acordo com a natureza de cada um. Agora, também se acrescenta as necessidades básicas de internet e suas consequentes básicas, das quais muitos não abdicam. Hoje é luxo estar offline.
Lembre-se como quer ser lembrado quando morrer ou o que gostaria de fazer ainda em vida. O remorso de não fazer nada pela vida ou, simplesmente, o remorso de algo é indesejável, tal como a má arte ou o mau comportamento. Já pensou em ocupações de crianças? Deixe as crianças “sujar as mãos” e suje as suas também com lama, com terra, com tintas, com linhas, com tecidos, com cores, com colas, entre outros materiais. É algo terapêutico e ocupacional que lhe faz bem. Não descure aquilo que o faz sentir vivo e bem, siga mesmo aquilo que lhe faz bem e feliz.
O trabalho não termina com a reforma. Esta ideia está cada vez mais viva com o envelhecimento da população. Portugal é um dos países mais envelhecidos do Mundo. Desta forma, mantenha os seus interesses em aberto e dê continuidade àquilo que ainda não fez, já desejou fazer, mas não teve tempo. Cuide do seu tempo. Ocupe-se do que quer fazer ainda. Seja realista e viva o seu tempo da forma mais otimista possível. Traga a si aquela atividade que o faz feliz. Veja o seu orçamento e escolha. Há tanto a aprender e tantas pessoas a querer ensinar. Seja voluntário numa área que adore; seja solidário numa causa que sinta útil. Desenhe as suas próprias formas de ocupação útil a si e à comunidade em que se insere. Sabendo que, bastam apenas duas horas por semana para, dedicando-se à ajuda aos outros, o tornarem muito mais feliz na vida.
Como seres ocupados todos os dias com a nossa própria felicidade e a dos que nos rodeiam não nos devemos stressar com o que temos a fazer a cada momento. Um dos superpoderes que podemos ter é saber manter a calma em qualquer situação. Seguir o fluxo de cada momento. Um ser ocupado não tem de ser stressado ou ser vazio existencialmente, tem de ser feliz com as suas escolhas, não desperdiçando o tempo com coisas inúteis, e, dando valor ao que deve ter valor na sua vida. A ponderação daquilo que nos faz uns ocupados felizes é substancial para o nosso êxito enquanto indivíduos realizados. Ponderemos bem sobre aquilo com que nos ocupamos. Perguntemos a nós próprios, se de alguma forma, a nossa ocupação contribui para estarmos mais felizes nesse caminho. E sigamos o que nos faz felizes.
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