quinta-feira, 16 de julho de 2020

Felicidade: um inconformismo


A felicidade é um inconformismo. É a premissa de não querer aceitar a vida tal e qual ela nos aparece, tal e qual ela nos aparenta, mas guiá-la por metas e missões próprias. É fugir à regra e ter momentos diferentes dos quais nos parece sempre a mesma coisa ou, simplesmente, mais do mesmo. Fazer um contraposto à realidade tal e qual ela nos aparece é um bom princípio para sermos mais felizes e realizados. Colocar em evidência a nossa ambição que é capaz de colocar em questão a autoridade e ter formas de pensar autónomas.

A felicidade é um procurar incessante por aspetos positivos que fujam à nossa rotina quotidiana e àquilo pelo qual temos mais esperança que aconteça. Não divulgue dor e sofrimento, o melhor da vida é o amor. Há sempre quem esteja pior e melhor do que nós. A comparação é desnecessária. É o amor que faz sentido difundir à nossa volta e em nós próprios. O que é menos bom cresce se alimentarmos, e, só traz infelicidade. Deixe passar. Crie laços de amor à sua volta. Pode ser um inconformismo de luta, mas é um patamar de reconhecimento de que a felicidade não é conformista. Implica movimento e luta em cada dia. Conheço pessoas que lutaram afincadamente contra cancros e outras doenças e maleitas, inconformistas com o seu destino, lutaram e saíram-se muito bem. Os amigos que ultrapassaram o cancro são exemplos de força e coragem todos os dias.

Cada um à sua maneira conhece melhor do que os outros as batalhas que vai vencendo na vida. Ninguém que conheça a vida do outro a deseja para si, pelo contrário, prefere a sua própria vida. Somos os nossos melhores conhecedores e esse é um trunfo para emergirmos com mais força de sermos melhores do que somos, tentando sempre superar-nos a cada etapa da vida, mas tendo uma reflexão racional sobre o que os que estão à nossa volta nos dizem.

O inconformismo começa desde berço, pelos bons pais, que pouco mais ou menos stressados e trabalhadores, põem os miúdos a fazer e partilhar tarefas desde tenra idade; que lhes ensinam matemática e outras matérias desde cedo e dão valor aos seus esforços; que valorizam as relações saudáveis e capacidades sociais, com expetativas altas no seu destino. A felicidade é um inconformismo de miúdos e graúdos, enfim, um inconformismo de todos por uma vida melhor. É importante sedimentar a execução partilhada de tarefas em casa, para garantir bons hábitos de gestão e organização, e, retirar importantes conhecimentos para a vida maior, como por exemplo, cozinhar. Uma arte e um prazer que cresce com a prática, e aumenta a nossa conetividade com o Mundo e as suas diferentes cozinhas.

Um inconformismo pode ser um livro ou uma ideia ou um pensamento inconformista ou mesmo uma atitude perante a vida como inconformista que deseja mais de si e da vida. Que não para perante a mudança, a inovação, a criatividade já existente. Cria valor diferenciador à sua volta. Ler um livro é sempre uma aventura, ainda mais quando se trata de inconformismo. Desperta-nos para novas ideias e formas de pensar a que estávamos alheados. O inconformismo é positivo quando vemos que o mundo pode ser melhor e nós podemos ajudá-lo a mudar. Se somos inconformistas é sinal de que há algo a melhorar nos nossos comodismos, para atingir um mundo melhor e mais pleno. Mais verdadeiro e seguro de convicções e ideologias claras e assentes em bons preceitos humanos.

Ser inconformista é aceitar o desafio de ir mais além do que o esperado. Surpreender pelos caminhos seguidos, pelas metas alcançadas, pelos sonhos conquistados, pela vida melhorada. Tudo pode ser melhorado. Não ser igual aos outros porque se faço o que os outros fazem vou ser igual a eles, e, nós nascemos para a diversidade. Para alcançar a novidade. Fazer crescer o conhecimento dos caminhos não explorados.

Para sermos inconformistas, todos temos as nossas motivações e prioridades. Pelo que não devemos passar por medianos nem sonâmbulos por esta vida. Podemos fazer uma montagem criativa multicultural da vida. Nem toda a gente nos vai entender, mas não importa: é o nosso caminho de inconformista. Se limitarmos a nossa ação e as nossas escolhas ao que parece razoável e/ou possível desligamo-nos da realidade dos nossos desejos e ficamos “a meio da ponte” na vida.

Obviamente que somos condicionados a amar o destino social em que nos inserimos, para termos sentimento de felicidade. Mas podemos em conformidade fazer mais para mudar o destino, porque o desafio da felicidade é gostar do que fazemos e somos a dado momento da vida. É conhecer o que está no nosso coração. Conhecer as histórias e os meios existenciais de todos aqueles que nos deram vida até ao que nos tornamos hoje.

Não precisas de autorização para ser inconformista e desbravar o mundo à tua frente. Lembra-te do paradigma ou fábula da jaula com 5 macacos e as bananas. Foram colocados 5 macacos numa jaula, uma escada e um cacho de bananas no topo. Sempre que algum macaco subia a escada para tirar bananas todos apanhavam um jato de água fria. Os macacos mais corajosos que tentavam subir a escada apanhavam uma tareia dos outros. Foram substituídos na jaula, um macaco de cada vez, e, sempre que o novato se atrevia a subir a escada era impedido pelos outros. Sempre que um macaco novo se aventurava apanhava pancada dos outros; foram mudados os 5 macacos (um de cada vez) e sem saber porquê continuavam a apanhar sempre que algum desses tentava ir às bananas. E assim viviam sem bananas, acabando por nem saber porquê é que era assim e, porque apanhavam. Só sabiam que era assim. Não se prive por conformismo do cacho das bananas e de saber o porquê da sua forma de agir na vida.

Devemos ser exímios questionadores dos velhos hábitos. O novo coloca-se sempre numa barreira de desconforto e surpresa, ultrapassável. Por exemplo, não se sente sempre no mesmo sítio do seu café preferido, não vá sempre pela mesma estrada para casa – tenha as suas opções sem o comportamento “é assim”, “sempre foi assim”, “fizemos sempre assim”. O que é positivo hoje pode já não ser amanhã. Veja um inconformismo como potencial motivador para mudar o seu comportamento e ser mais feliz, em casa, na escola, na empresa, onde quer que se encontre.

Seja inovador e criativo no seu inconformismo. Podemos sempre melhorar tudo aquilo que nos cerca, aquilo que somos e em que nos tornamos a cada dia que passa. E desistir nunca, porque quando se fecha uma porta se abre uma janela. E o que está para vir por meio dessa janela, perante a porta que se fechou, é um presente bem maior e mais consciente de felicidade escolhida e para a qual fez opção de viver. Faça a sua diferença inconformista feliz.

O inconformismo não implica insatisfação com a vida, pelo contrário, o inconformismo alerta-nos para o que nos dá satisfação na vida, busca a excelência da satisfação presente e continuada. Dá-nos indicações daquilo que é menos bom para nós e no que devemos apostar melhor para a nossa vida. Por exemplo, o inconformismo com as pobrezas faz-nos ir em frente com projetos e ideias para deixarem de existir. Não se conforme em ser infeliz quando pode ser presentemente feliz. Seja genuíno, sem subterfúgios de quem é. Viva bem e sinta-se bem. Lute por um melhor futuro, uma melhor reforma e melhor qualidade de vida, sendo a cada momento feliz nas suas escolhas. 


segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Felicidade: uma música preferida


Como eclética na música, levo muito a peito que a música é uma terapia fabulosa para cada um de nós. Cada música que inspira, relaciona o pensamento momentâneo a algo que traz passado, presente ou futuro. Um todo-poderoso que irriga mais sangue ao coração e faz vibrar de emoções. A música une as pessoas.

Uma melodia pode mudar cada instante para melhor. Vivermos e revivermos momentos que nos marcam com músicas é uma delícia. Cada música com o seu estilo tem o poder de nos levar a ambientes diferentes, a momentos marcantes diferentes, a paisagens diferentes, a pessoas diferentes, a locais diferenciadores de dança, com acuidade auditiva ao gosto de cada um.

Um local público com música faz toda a diferença e se gostamos da energia musical ouvida e sentida num bar, num restaurante, num ginásio, ou num hipermercado, por exemplo, voltamos mais cedo ao mesmo lugar novamente, e, gastamos mais também – mais tempo e também mais dinheiro.

Ouvir o que nos encanta revitaliza a nossa interioridade e aviva a nossa perspicácia musical com quem nos cerca. Porque partilhar gostos musicais é uma grande área motivacional que por certo enche qualquer um de prazer.

A música leva-nos a acreditar mais no ser humano e inspira gerações e gerações a ter razões para ser melhor pessoa. Mobiliza campanhas grandiosas de coragem e autêntica solidariedade pelo mundo fora. A música é uma autêntica inspiração feliz, e, cantar uma música que gostemos está provado que aumenta a felicidade.

Uma música pode elevar-se a um musical. Um musical apresenta glamour, imagens, danças e sons que nos fazem sonhar e delirar com o reino da fantasia. É o género cinematográfico que mais nos transmite emoções de tempos vividos. Enche-nos de sensações de alegria, paixão, compaixão, gratidão e amor.

A música é uma linguagem do universo, que todos entendem e traz valores consigo, com os quais as pessoas se identificam. Mostra os gostos e afinidades das pessoas. Os casais que partilham os mesmos valores e interesses são mais felizes do que os que não o fazem. O mesmo acontece com um povo inteiro, a música assim como interesses e valores da pátria podem contribuir para a sua felicidade coletiva. Por exemplo, o Fado é um Património Cultural Imaterial da Humanidade, que une Portugal e todos os portugueses com o seu sentimento inexplicável.

A música é uma arte. A arte é tudo aquilo que toca os nossos sentidos em determinado instante da vida. Hoje pode ser uma peça de teatro, amanhã uma música, mais tarde uma mancheia de fotografias, posteriormente uma pintura, ou um filme que nos deixa os olhos marejados de lágrimas, ou maravilhados emocionalmente, entre muitas outras situações semelhantes. A música é uma arte que mexe interiormente connosco, nos cerca de compaixão e sintonia com as palavras e sentimentalismos que proporciona.

Tudo ao mesmo tempo ou compartimentados enchem a nossa mente de felicidade instantânea ou até duradoira, porque a lembrança faz-nos reviver emoções adquiridas. Não há felicidades eternas senão não percorreríamos o caminho da busca permanente da felicidade nas nossas vidas. Se assim fosse não daríamos o valor que cada um lhe atribuí. Queremos sempre mais. Mais vivências, mais emoções. Elas guardam o nosso território pessoal e coletivo.

Colocar positividade em tudo aquilo que fazemos, do mais simples ao mais complexo é uma arte para sermos bem-sucedidos. Acontece com a positividade musical, melhor dizendo, com a relação que existe entre a demência e a música. Segundo um estudo inglês, memórias, humor e linguagem são aspetos importantes para quem se liga à música, além disso, aprender a tocar um instrumento musical ainda é mais benéfico na prevenção saudável de demência.

Uma dica prática para melhor viver os seus dias e o seu tempo é fazer listas de música de acordo com as suas emoções e seus sentimentos. Faça uma lista de músicas para ouvir quando estiver alegre, outra para quando estiver a trabalhar, outra para quando estiver melancólico, outra quando estiver surpreendido, para quando estiver a estudar, outra para quando estiver a fazer desporto, outras para quando se sentir feliz e por aí adiante.

A música é aquilo que não se diz e se sente no ambiente. 


quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Felicidade: um ser ocupado


 
Quando estamos ocupados com algo que é fantástico para nós, fluímos no tempo – até nos esquecemos de comer e beber. Arrecadamos sinapses que se ligam e revelam novas ligações. Não nos importamos com o que os outros pensam de nós e dedicamos mais tempo a todos aqueles que, nos fazem mais atentos à nossa própria vida e compartilham a sua connosco.

Amar ocupa muito tempo, uma vida toda. São vidas e vidas de cada um, dedicadas ao amor à sua maneira genuína de cada ser humano. O amor é uma necessidade da vida. Tem como bases a compreensão, o apoio generoso aos outros e vai crescendo à medida que nos vamos tornando mais sábios. Também, um ser ocupado tem dias em que “está cheio até cá cima” e um espaço com ambiente acolhedor faz toda a diferença, com a confiança de alguém para nos escutar. Ganhamos paz interior e renovamos todo o nosso pensar a vida. Muitas vezes passamos despercebidos, mas quando não há atenção, não há vida bem vivida nem bem lembrada. E quem não arrisca a ocupar-se não petisca. É melhor ter muito com que se ocupar do que nada para fazer, dá-lhe mais sentido de vida e felicidade. Desligamos a apatia e vivenciamos o entusiasmo com ocupação controlada e ativa. A atividade é excelente para o ser humano porque vivemos mais, isto e, a longevidade é maior.

Devemos aproveitar todo o tempo para construir tudo aquilo que torne melhor o mundo e torne melhor a nossa presença no mundo. Cada instante é irreversível e o bom uso que dele fazemos traz-nos satisfação, a nós e a todos os que se manifestam connosco. A grandeza de cada momento é inquestionável, também subjetiva, perante cada um. Posso não saber o que fazer numa tarde de chuva, deveras importante? Sim. Saber o que fazer a cada momento mesmo numa tarde de chuva é vital para a nossa boa exigência de vida de qualidade. Faça uma lista de tarefas diárias, quinzenais, mensais, até anuais porque ter uma lista de tarefas a cumprir torna-nos mais ativos da nossa própria existência. Se não soubermos o que fazer, não saberemos aproveitar bem o poderoso tempo de que dispomos na vida. Tantas pessoas a ansiar por tempo de vida e nós a desperdiça-lo tantas vezes por preguiça, indecisão ou outros fatores do momento.

Somos responsáveis pelo que cativamos. Tudo o que cativamos de alguma forma, seja estudos, formações, cursos, trabalhos, voluntariado, artes, tecnologias, ciências, instituições, marcas, conferências, workshops, família, amizades, desporto, relações, lazeres – profissionais, sociais, culturais e outros devem lembrar-nos a autoexigência de sermos a cada momento o melhor de nós próprios. O gosto pelo bom uso do tempo torna a vida mais útil e feliz. Cada instante é um aglomerado de pedaços de nós que adquirimos ao longo do tempo, pelo que devemos brotar rebentos e flores dessas mesmas aprendizagens e vivências, mesmo que diminutas, mas que nos engrandecem mais fortes e saudáveis como seres humanos socializadores e feitos para o movimento.

Estar ocupado e bem ocupado é uma solução que depende das prioridades de cada um de nós. Façamos bom uso das nossas prioridades de ocupados e sejamos imensamente felizes com elas. Se achamos que temos tudo e não nos falta nada, acabamos no tédio de nada ter para fazer. O melhor é começar a conhecer os seus interesses para se poder dedicar a algo que o faça feliz. Já ouviu falar da pirâmide de Maslow? Abraham Maslow foi um interessante psicólogo americano que criou a pirâmide das necessidades com o seu nome. Esta consiste numa hierarquia que começa por baixo com as necessidades fisiológicas, depois as necessidades de segurança, a seguir as necessidades sociais, após estas as necessidades de estima e, no topo, as necessidades de realização pessoal. Esta é a ordem pela qual devem ser satisfeitas para o indivíduo realizar o seu potencial, de acordo com a natureza de cada um. Agora, também se acrescenta as necessidades básicas de internet e suas consequentes básicas, das quais muitos não abdicam. Hoje é luxo estar offline.

Lembre-se como quer ser lembrado quando morrer ou o que gostaria de fazer ainda em vida. O remorso de não fazer nada pela vida ou, simplesmente, o remorso de algo é indesejável, tal como a má arte ou o mau comportamento. Já pensou em ocupações de crianças? Deixe as crianças “sujar as mãos” e suje as suas também com lama, com terra, com tintas, com linhas, com tecidos, com cores, com colas, entre outros materiais. É algo terapêutico e ocupacional que lhe faz bem. Não descure aquilo que o faz sentir vivo e bem, siga mesmo aquilo que lhe faz bem e feliz.

O trabalho não termina com a reforma. Esta ideia está cada vez mais viva com o envelhecimento da população. Portugal é um dos países mais envelhecidos do Mundo. Desta forma, mantenha os seus interesses em aberto e dê continuidade àquilo que ainda não fez, já desejou fazer, mas não teve tempo. Cuide do seu tempo. Ocupe-se do que quer fazer ainda. Seja realista e viva o seu tempo da forma mais otimista possível. Traga a si aquela atividade que o faz feliz. Veja o seu orçamento e escolha. Há tanto a aprender e tantas pessoas a querer ensinar. Seja voluntário numa área que adore; seja solidário numa causa que sinta útil. Desenhe as suas próprias formas de ocupação útil a si e à comunidade em que se insere. Sabendo que, bastam apenas duas horas por semana para, dedicando-se à ajuda aos outros, o tornarem muito mais feliz na vida.

Como seres ocupados todos os dias com a nossa própria felicidade e a dos que nos rodeiam não nos devemos stressar com o que temos a fazer a cada momento. Um dos superpoderes que podemos ter é saber manter a calma em qualquer situação. Seguir o fluxo de cada momento. Um ser ocupado não tem de ser stressado ou ser vazio existencialmente, tem de ser feliz com as suas escolhas, não desperdiçando o tempo com coisas inúteis, e, dando valor ao que deve ter valor na sua vida. A ponderação daquilo que nos faz uns ocupados felizes é substancial para o nosso êxito enquanto indivíduos realizados. Ponderemos bem sobre aquilo com que nos ocupamos. Perguntemos a nós próprios, se de alguma forma, a nossa ocupação contribui para estarmos mais felizes nesse caminho. E sigamos o que nos faz felizes.