Rating é segundo a CPR - Companhia Portuguesa de Rating, S.A. «uma opinião
sobre a capacidade e vontade de uma entidade vir a cumprir de forma atempada e
na íntegra determinadas responsabilidades»(http://www.cprating.pt/7.0destaque/7.1oquee.asp). A propósito da opinião de Luís
Campos Ferreira, Presidente da Comissão de Economia e Obras Públicas, nem a um
país ou a uma pessoa se deve chamar “lixo”. Exemplos são mais do que muitos
para dizer isso. Alunos com notas baixas não são de modo algum lixo. Fechar
portas não é lixo. Para outros “isto ainda vai piorar”, “enquanto houver
trabalho não se está mal”, “isto ainda nem começou” – dizem alguns clientes do
local onde trabalho. Casais, ambos desempregados, não são lixo. Ficar pobre não
é lixo. Pais endividados sem poder de compra para o essencial dos filhos não
são lixo. Famílias que não conseguem fazer face às suas necessidades básicas,
comprometidos a precisar de ajuda não são lixo. Cometer erros não é lixo.
Agora, a corrente mais comum é a de que as agências de rating, originárias
dos Estados Unidos, andam a fazer-nos lixo. A dignidade posta em causa não é
bem aceite por ninguém. Portugal tem de ganhar mais auto-estima. Tem muitos
trunfos. Pondo o emblemático futebol de lado, basta pensar no sobreiro que por
iniciativa de algumas Associações a querem ver considerada a Árvore Nacional de
Portugal. Faz-me lembrar as expressões muito antigas que a minha avó dizia: “só
mesmo com um sobreiro”, “põe-te à sombra de um sobreiro”, “levas com um
sobreiro” ou “deviam era levar com um sobreiro”.
Um país é constituído por um conjunto de indivíduos localizando-se numa
dada região, que se deve assumir enquanto um todo com qualidades e defeitos, no
seu espaço temporal. Nenhum país é lixo! Nenhuma pessoa, criança, jovem ou
adulto de Portugal, da Grécia, da Irlanda ou da Etiópia é lixo, nas suas múltiplas
e largas diferenças económicas, políticas, educativas, sociais, de saúde e
culturais.
O lixo hoje é reciclável e até é matéria-prima para produção de energia,
pode constituir peças de arte, ser um museu no Mundo. Como diz Luís Ferreira no
Correio da Manhã (19-07-2011) «Lixo??? Isso não se diz às pessoas». Gostei da
opinião, e, como se costuma dizer, a todos com tanta infoxicação, “um mínimo de
dignidade”.
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